Isenção do Imposto de Renda em 2025: Regras, Impacto para o Investidor Pessoa Física e Consequências Econômicas

isencao-imposto-de-renda-2025-investidor-impacto-economia



Introdução

A reforma do Imposto de Renda (IR) em curso no Brasil para o exercício de 2025/2026 marca um dos movimentos mais disruptivos na política tributária das últimas décadas. O Projeto de Lei (PL) 1.087/2025 aprovado pelo Congresso Nacional e aguardando sanção presidencial propõe uma ampliação significativa da faixa de isenção do IR para pessoas físicas, ao mesmo tempo em que eleva e moderniza a tributação sobre os chamados “super-ricos”. Esta reportagem dissecada foi elaborada integrando análises técnicas, tabelas comparativas, opiniões de especialistas e simulações de cenários econômicos.

A seguir, detalharemos as novas regras, discutiremos seus impactos para diferentes perfis de contribuintes — especialmente o investidor médio e o de alta renda —, e analisaremos os efeitos macroeconômicos da medida, considerando opiniões dos principais agentes do mercado, órgãos oficiais como Banco Central, Receita Federal, B3, Anbima, consultorias e acadêmicos de destaque no cenário econômico brasileiro.


1. Quais São as Novas Regras da Isenção do Imposto de Renda 2025?

Estrutura da Reforma e Objetivos Declarados

A proposta de reforma do Imposto de Renda para 2025/2026 parte de uma diretriz clara: aliviar a carga tributária sobre a classe média e transferir parte do ônus para quem possui renda elevada, fomentando justiça fiscal, progressividade e estímulo ao consumo1.

Segundo o Ministério da Fazenda e a Receita Federal, o PL 1.087/2025 altera as Leis 9.250 e 9.249, ambas de 1995, implementando mudanças que passam a vigorar a partir de janeiro de 2026. Os objetivos do governo, declarados oficialmente, incluem redução das desigualdades sociais, aprimoramento da competitividade econômica e modernização do sistema tributário2.


1.1 Novos Limites para Isenção Mensal e Anual

Atualmente, a faixa de isenção do IRPF cobre apenas trabalhadores com renda mensal até R$ 3.076. A nova regra amplia esse teto para R$ 5.000 por mês, atingindo agora cerca de 15 a 25 milhões de brasileiros, segundo estimativas do governo e analistas31456.

Tabela Comparativa – Faixa de Isenção IRPF

Faixa de Renda Mensal

Regra atual (2025)

Novo Projeto (2026)

Até R$ 3.076

Isento

Isento

R$ 3.077 – R$ 5.000

Até 27,5%*

Isento

R$ 5.001 – R$ 7.350

Até 27,5%*

Desconto progressivo

Acima de R$ 7.350

Até 27,5%

Até 27,5% (sem mudança)

*Nota: "Até 27,5%" refere-se à aplicação da tabela progressiva do IR345.

Explicação: A principal transformação é a isenção integral até R$ 5.000. Para quem recebe de R$ 5.000,01 a R$ 7.350, será aplicado um desconto proporcional — quanto mais próximo de R$ 5.000, maior o desconto, até se esgotar ao atingir R$ 7.3504175.


1.2 O “Desconto Progressivo” entre R$ 5.000 e R$ 7.350

O mecanismo de desconto progressivo impede um salto abrupto de tributação entre as faixas e suaviza a transição. Segundo a Receita Federal, esta faixa será contemplada com um redutor que pode chegar a abater até R$ 978,62 do imposto devido mensalmente para rendimentos que se situem logo acima do limite da isenção. O desconto decresce progressivamente e se esgota quando a renda mensal atinge R$ 7.35073.

Isso significa, por exemplo, que quem recebe R$ 6.000 mensais terá cerca de 50% de desconto sobre o IR devido, enquanto numa renda de R$ 6.500 o desconto será de 25% e em R$ 7.349 praticamente nulo73.

Tabela Resumida do Desconto Progressivo

Renda Mensal

% de Desconto IR

Economia Anual (aprox.)

R$ 5.500

75%

R$ 3.202

R$ 6.000

50%

R$ 2.337

R$ 6.500

25%

R$ 1.471

R$ 7.349

0%

R$ 1,82

*Fonte: Confirp Contabilidade, Receita Federal, simuladores de IRPF37.

Esse sistema corrige um problema conhecido como "efeito degrau", evitando que contribuintes tenham aumento desproporcional na carga tributária ao exceder um limite de faixa por valores pequenos.


1.3 Isenção Anual: Renda Total no Ano-Calendário

Na declaração de ajuste anual a ser entregue em 2027, para o ano-base 2026, os contribuintes com renda tributável anual até R$ 60.000 estarão isentos de IR. Para rendas entre R$ 60.000,01 e R$ 88.200, haverá redução parcial do IR devido. A partir de R$ 88.200 anuais, a tabela permanece inalterada348.


1.4 Tributação das Altas Rendas e “Imposto Mínimo”

O novo texto cria um imposto mínimo progressivo sobre rendimentos anuais acima de R$ 600 mil. Eis como ficará a tabela:

Renda anual (R$)

Alíquota mínima IR

Até 600 mil

0%

750 mil

2,5%

900 mil

5,0%

1,05 milhão

7,5%

1,2 milhão+

10%

O cálculo incide sobre lucros, dividendos, rendimentos isentos ou de alíquotas reduzidas, aplicações financeiras, entre outros, excetuando títulos e aplicações isentos por lei (como LCI, LCA, CRI, CRA, debêntures incentivadas, FIIs e Fiagro, quando cumpridos todos os requisitos)43985.

Esse imposto mínimo significa que as altas rendas, mesmo que tradicionalmente se beneficiem de deduções, isenções ou outros tipos de otimização fiscal, passarão a ter garantida pela lei uma carga efetiva mínima sobre a soma dos diferentes rendimentos. O contribuinte poderá abater desse valor o IR pago em outras fontes, evitando dupla tributação — mecanismo que será examinado adiante38.


1.5 Tributação de Lucros e Dividendos

Pela primeira vez desde a década de 1990, os lucros e dividendos — até então isentos — serão tributados. O texto estipula uma tributação de 10% na fonte sobre pagamentos de lucros e dividendos acima de R$ 50 mil por mês a uma mesma pessoa física. Os rendimentos não tributados na fonte entram no cálculo anual para determinação do imposto mínimo93.


1.6 Dispositivos Contra Dupla Tributação: O “Redutor”

Para evitar dupla tributação (na pessoa jurídica e na física), cria-se um mecanismo chamado redutor. Se a soma da carga tributária sobre os lucros da empresa (IRPJ/CSLL) e o imposto pago pelo sócio ultrapassar determinados tetos (34%, 40% ou 45%, dependendo do setor), o contribuinte terá um desconto dessa diferença, limitando a tributação total985.

Esse dispositivo é fundamental para garantir a atratividade dos investimentos, sobretudo em empresas do chamado “lucro real”. Especialistas de FGV, Insper e USP defendem que o redutor alinha o Brasil com práticas internacionais e garante que a taxação da renda não extrapole limites razoáveis para o capital produtivo10.


1.7 Isenções Mantidas e Novas Tributadas

Ficam fora dos novos impostos:

  • Rendimentos de LCI, LCA, CRI, CRA, LIG, LCD

  • Fundos Imobiliários/FIAGRO com mais de 100 cotistas e negociados em bolsa

  • Debêntures incentivadas de infraestrutura

  • Poupança

  • Rendimentos de títulos isentos por lei, exceto participações societárias

  • Ganhos de atividade rural, doações/heranças, indenizações específicas, rendimentos isentos de portadores de doenças graves

Entram na base do novo imposto:

  • Lucros/dividendos pagos a pessoas físicas acima de R$ 50 mil mensais

  • Ganhos de operações em bolsa não contempladas por isenção

  • Rendimentos de aplicações não contempladas por isenção


2. Impacto das Mudanças para Investidores: Simulações, Exemplo-Prático e Análise de Impacto

Com as novas regras, há mudança substancial na vida financeira tanto do investidor pessoa física tradicional quanto do investidor de alta renda. A seguir, simulamos cenários baseados em rendas médias do Brasil e exemplificamos o impacto sobre rendimentos, considerando dados oficiais, projeções de especialistas e aplicativos de simulação de IR disponíveis3711.


2.1 Simulação: Investidor Pessoa Física de Renda Média

Considere um trabalhador ou pequeno investidor com remuneração ou rendimento mensal de R$ 4.500.

Situação antes da reforma:

  • Base de cálculo sujeita à tabela progressiva

  • Alíquota efetiva: aproximadamente 15%

  • Desconto anual total (incluindo 13º): entre R$ 2.600 e R$ 3.000

Situação com a nova isenção IR 2025:

  • Isento de IRPF (total até R$ 5.000)

  • Economia anual: cerca de R$ 2.600 (ou mais, dependendo da base de cálculo e descontos de dependentes, previdência, etc.)

Tabela – Economia Estimada por Faixa (2026)

Renda Mensal

IR devido (p/12+13º)

IR devido (nova regra)

Economia Anual

R$ 3.500

R$ 516,88

R$ 0

R$ 516,88

R$ 4.000

R$ 1.491,88

R$ 0

R$ 1.491,88

R$ 4.500

R$ 2.603,77

R$ 0

R$ 2.603,77

R$ 5.000

R$ 4.067,57

R$ 0

R$ 4.067,57

R$ 6.000

R$ 2.336,75

R$ 394,55

R$ 1.942,20

R$ 7.000

R$ 605,80

R$ 802,70

(-R$ 196,90)

Fonte: Confirp Contabilidade, Receita Federal, G137.

Para a maioria dos assalariados, autônomos e pequenos investidores, a reforma representa um “14º salário” anual, uma vez que a economia pode chegar a quase um salário extra por ano37. O impacto sobre o poder de compra é significativo — famílias terão mais recursos disponíveis para consumo, poupança ou investimento76.


2.2 Simulação: Investidores de Alta Renda e Familiares Controladores

Para investidores cujos rendimentos anuais ultrapassam R$ 600 mil (R$ 50 mil/mês), haverá um novo cenário. Imagine um empresário que recebe R$ 900 mil por ano exclusivamente de lucros e dividendos.

Simulação 1 – Dividendos recebidos acima do limite:

  • Antes da reforma: Dividendos isentos, IR apenas sobre salários e rendimentos tradicionais (alíquota efetiva 1-4%).

  • Nova regra: Dividendos acima de R$ 50 mil/mês (ou R$ 600 mil/ano) serão tributados, com alíquota escalonada (veja tabela do item 1.4).

  • No exemplo citado: R$ 900 mil x 5% = R$ 45 mil de IR devido apenas sobre este item.

Simulação 2 – Remuneração mista

Um sócio administrador recebe R$ 35 mil de salário (com desconto de 27,5%) e mais R$ 600 mil em lucros/ano. Com as novas regras, além do IR retido na fonte sobre o salário, haverá uma incidência mínima de IR — além dos 27,5% já pagos sobre o salário — caso os rendimentos totais não atinjam a alíquota mínima efetiva. O abatimento garante que o contribuinte não seja tributado duplamente pelo mesmo rendimento.


2.3 Impacto em Investimentos – Fundos, Ações, Renda Fixa e Isenções Específicas

Títulos Isentos (LCI, LCA, CRI, CRA, FIIs, Fiagro, Debêntures incentivadas)

  • Com a reforma, permanecem isentos ou com regime favorecido. Contudo, o debate sobre possíveis alterações para alinhar o regime ao equilíbrio fiscal foi aberto no Congresso, e eventuais mudanças futuras já são discutidas pela ANBIMA, B3, XP e bancos consultados12.

Ações e Mercado à Vista

  • Mantém-se a isenção para vendas até R$ 20 mil/mês para pessoas físicas e, a partir de 2026, pode haver a necessidade de ajuste para o cálculo do imposto mínimo, caso o investidor atinja a faixa de alta renda9.

CDBs, Fundos e Outras Aplicações

  • Aplicações mantêm tributação fonte, com ajustes da tabela regressiva para a alíquota única de 17,5% prevista em medida provisória em análise. Mudanças em discussões futuras podem buscar alinhar a arrecadação com os novos parâmetros do IRPF.


2.4 Análise do Mecanismo “Redutor” para Investidores Controladores

Uma dúvida frequente entre investidores de grandes empresas é o risco de tributação cumulativa (empresa + pessoa física). O redutor resolve esse conflito, garantindo que, somados IRPJ (empresa), CSLL e IR pessoa física (sobre dividendos), a carga não ultrapasse 34% (empresas não financeiras), 40% (instituições financeiras não bancárias) ou 45% (bancos). Se a soma exceder esses tetos, o contribuinte terá direito a crédito ou abatimento na declaração9.


2.5 Adoção de Planejamento Tributário

Diante das novas regras, especialistas tributários, escritórios de advocacia e bancos (XP, Itaú BBA, BTG e consultorias como EY, PwC e Deloitte) apontam que haverá forte incentivo, em 2025, para antecipação da distribuição de lucros referentes ao ano fiscal de 2025, a fim de escaparem da nova tributação a partir de janeiro de 2026. No entanto, alertam para a limitação legislativa: só serão tributados os lucros cuja distribuição seja aprovada após 31/12/2025. Este cenário pode pressionar fluxos de caixa de empresas no curto prazo.


3. Impactos Econômicos: Efeitos Positivos, Riscos e Debate Especializado

A extensão da nova isenção IR 2025 transcende o universo micro dos contribuintes e investe em reflexos relevantes sobre o ambiente macroeconômico do país.


3.1 Impactos Positivos na Economia Brasileira

Aumento do Poder de Compra e Consumo Interno

Estudos da FGV, Ipea e projeções do Ministério da Fazenda sugerem que a ampliação da faixa de isenção injetará entre R$ 25 bilhões e R$ 32 bilhões por ano na economia real136147. A maior parte desse recurso permanecerá nas mãos da classe média e de pequenos investidores, segmento que apresenta alta propensão ao consumo, beneficiando varejo, educação, serviços e setores básicos613.

Estimulo ao PIB e Formalização

Os economistas do Ibmec, USP, XP e Inter estimam que a reforma elevará o PIB em até 0,2 ponto percentual em 2026, sobretudo por meio do consumo corrente em supermercados, farmácias, serviços pessoais, transporte, telecomunicações e atividades correlatas61314. Além disso, a diminuição da "pejotização" por redução da carga tributária sobre salários deve incentivar a formalização de empregos.

Redução das Desigualdades Sociais e Maior Progressividade

Um ponto unânime entre especialistas é que o IR brasileiro, em sua configuração vigente, se destaca por ser regressivo no topo, isto é, ricos pagam proporcionalmente menos que a classe média. Ao concentrar a isenção para os mais vulneráveis e elevar a tributação sobre os super-ricos, a medida aprimora a justiça fiscal e diminui a concentração da renda nacional13159.

Internacionalização: Alinhamento com Práticas Globais

A retomada da tributação sobre dividendos e a progressividade a partir do topo alinham o Brasil a países da OCDE, Reino Unido, Alemanha e EUA — onde a faixa de isenção é proporcionalmente maior e a renda do capital é tributada de acordo com a capacidade contributiva1014.

Avaliação de Bancos e Mercado

O Itaú BBA projeta cenário neutro ou levemente expansionista com a reforma: elevação no consumo e leve queda no consumo dos ricos (que têm menor propensão a consumir), sendo, portanto, uma redistribuição positiva para a demanda agregada. B3 e Anbima relatam entusiasmo moderado do mercado diante da promessa de estabilidade fiscal e maior previsibilidade das regras de investimentos1216.


3.2 Impactos Negativos e Riscos Sinalizados

Pressão Sobre as Contas Públicas

Segundo cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI) e do Ministério da Fazenda, a isenção representa uma renúncia estimada de até R$ 25,8 bilhões por ano — cerca de 10% da arrecadação anual de IR1417. Se as receitas com a tributação de altas rendas e dividendos não corresponderem à expectativa, haverá risco de déficit fiscal e necessidade de ajustes em repasses para estados e municípios175215.

Inflação e Juros: Possíveis Replicações

Há consenso entre economistas de mercado (FGV, XP, Inter, BTG) de que a maior renda disponível pode pressionar o curto prazo de inflação, especialmente no setor de serviços. O efeito, porém, deve ser moderado pelo atual patamar de juros (Selic elevada), mas pode levar o Banco Central a adotar postura ainda mais cautelosa em futuras quedas na taxa básica614.

Atração de Capitais Estrangeiros

Advogados tributaristas (BMA, TozziniFreire, Confederação Nacional da Indústria) e entidades empresariais (Amcham, Abrasca) criticam o potencial da tributação sobre remessas de lucros para o exterior. Países signatários de tratados de não bitributação ou com mecanismos de “participation exemption” poderão perder atratividade para novos investimentos, já que a tributação passa a ser tratada como custo para o investidor de fora15.

Competitividade e Oscilação em Estruturas Societárias

Empresas abertas e multinacionais devem antecipar a distribuição de lucros e revisar contratos para evitar a incidência das novas regras, o que pode pressionar segmentos do mercado financeiro e de capitais, e exigir adaptações nos contratos de trabalho, benefícios e estruturas internas corporativas5.


4. Opinião de Especialistas e Análise das Fontes Oficiais

Para garantir uma compreensão ampla, destacamos os principais argumentos e avaliações de atores relevantes do debate nacional. Confira as perspectivas técnicas, institucionais e acadêmicas:


4.1 Receita Federal e Ministério da Fazenda

A Receita Federal, em seus comunicados, celebra a ampliação da isenção como resposta ao compromisso constitucional com a capacidade contributiva e busca um sistema tributário mais simples, progressivo e justo. O órgão ressalta a modernização digital como fator de simplificação para o contribuinte pessoa física (declarar, retificar ou consultar restituição de forma totalmente on-line)182.

O Ministério da Fazenda publicou estudos e perguntas frequentes destacando que sem o imposto mínimo aplicado às altas rendas, a reforma geraria impacto fiscal negativo e potencial aumento da desigualdade. A ampliação da faixa isenta é vista como meio de alcançar maior eficiência econômica e justiça social, além de reposicionar o Brasil no contexto internacional215.


4.2 Banco Central e Projeções de Mercado

O Banco Central adota postura neutra, afirmando que a medida tende a aumentar o potencial de consumo no curto prazo e que, embora haja possível pressão inflacionária inicial, o atual patamar da taxa Selic e a política monetária restritiva são suficientes para manter as metas de inflação sob controle616.

O mercado financeiro, por sua vez, reage positivamente à perspectiva de elevação do poder de compra de milhões de brasileiros, o que pode beneficiar o Ibovespa e fortalecer ações de varejo, serviços, consumo e infraestrutura na B316.


4.3 ANBIMA, B3, XP Investimentos e Itaú BBA

A Anbima observa que, em 2025, papéis isentos de tributação, como debêntures incentivadas, foram destaque de performance, atraindo o interesse de investidores, especialmente diante de debates sobre possíveis alterações no regime tributário para ativos hoje favorecidos12.

A XP Investimentos publica guias e simuladores voltados para educar o investidor pessoa física sobre as mudanças no IRPF, ressaltando a necessidade de planejamento tributário e de atualização constante em face do novo cenário regulatório19.

O Itaú BBA vê a reforma de forma favorável sob o aspecto distributivo, embora alerte para necessidades futuras de ajustes a depender da arrecadação efetiva, e da evolução do cenário fiscal e econômico mundial16.


4.4 Acadêmicos: FGV, USP, Insper, Ipea

Economistas de renome, como Manoel Pires (FGV/UnB), Welinton Mota (Confirp), Sérgio Gobetti (FGV/Ipea), João Gabriel Araújo (Ibmec) e Tatiana de Navarro (OAB/DF), veem a nova política tributária como uma solução engenhosa para aumentar a progressividade fiscal, corrigindo distorções históricas sem gerar impacto excessivamente negativo nas contas públicas1320. Para Gobetti, deve-se acompanhar eventuais exceções que possam esvaziar o imposto mínimo, com risco de perda fiscal.

Relatório do Insper sobre tributação do capital destaca pontos positivos do sistema dual com aperfeiçoamentos — incentivo parcial à poupança, mobilidade de capitais e simplicidade —, mas alerta para a persistência de efeitos regressivos caso a carga mínima não seja realmente aplicada nas altas rendas10.

O consenso acadêmico é que a medida, apesar do caráter expansionista, mantém algumas distorções do sistema atual e exige monitoramento regular, principalmente para evitar regressividade ou eventuais arbitragens que drenem a base arrecadatória.


5. Tabelas Comparativas: Antes e Depois da Reforma

5.1 Tabela de Isenção IRPF Mensal e Anual

Faixa de Renda Mensal

Regra Atual (2025)

Nova Regra (2026)

Situação

Até R$ 3.076

Isento

Isento

Mantém

R$ 3.077 – R$ 5.000

Até 27,5%

Isento

Nova ampliação

R$ 5.001 – R$ 7.350

Até 27,5%

Desconto progressivo

Nova progressividade

Acima de R$ 7.350

Até 27,5%

Até 27,5%

Inalterada

Fonte: Senado, Câmara, Receita Federal, Conferência das Contas Públicas4378.


5.2 Tabela de Tributação de Renda para Altas Rendas

Renda anual

Antes (IR sobre dividendos)

Nova regra

Mudança

Até R$ 600 mil

Isenta

Isenta

R$ 700 mil

Isenta

2,5%

Novo piso progressivo

R$ 900 mil

Isenta

5%

Idem

R$ 1,05 milhão

Isenta

7,5%

Idem

R$ 1,2 milhão+

Isenta

10%

Idem

Fonte: Senado, Ministério da Fazenda, Confirp Contabilidade83.


5.3 Tabela de Tributação de Lucros e Dividendos

Dividendos mensais recebidos

Alíquota atual

Nova Alíquota

Até R$ 50 mil

0%

0%

Acima de R$ 50 mil

0%

10% (fonte)

Fontes: Senado, Receita Federal, Contabilidade prática93.


6. Conclusão: O Futuro do IRPF, Desafios e Próximos Passos

A isenção IR 2025 representa uma inflexão histórica no sistema tributário brasileiro, tanto pela magnitude do alívio fiscal para a classe média quanto pela introdução de regras de justiça distributiva para grandes rendas. O foco em progressividade, a proteção dos investimentos produtivos e mecanismos de transição para evitar distorções são pontos-chave para o sucesso da reforma.

Entretanto, os riscos de impacto fiscal negativo, possíveis pressões inflacionárias de curto prazo e desafios no fluxo de capitais e na atração de investimentos estrangeiros devem ser monitorados. O êxito da reforma dependerá não apenas da execução eficiente e fiscalização rigorosa, mas também da disposição do Legislativo e do Executivo para ajustes, correções e maior transparência nas futuras concessões de benefícios e exceções.

O ambiente para o investidor pessoa física será mais simples e justo. Para investidores de alta renda, a necessidade de planejamento tributário inteligente e adaptativo nunca foi tão premente. E, para o país, a expectativa é de uma economia mais inclusiva, moderna e alinhada às melhores práticas internacionais, desde que o equilíbrio fiscal, a transparência e o combate à regressividade permaneçam como prioridades do Estado.


Nota: Os valores, tabelas e simulações consideram a legislação disponível até 07 de novembro de 2025 e projeções oficiais/publicadas por Receita Federal, Ministério da Fazenda, órgãos legislativos e órgãos de mercado e imprensa especializada. Mudanças futuras ou eventuais medidas provisórias poderão alterar números, faixas e parâmetros. Para detalhes aplicáveis à sua situação, consulte sempre um contador ou consultoria tributária especializada.


Referências Bibliográficas

1Por unanimidade, Senado aprova isentar IR para quem ganha até RS 5 mil. https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-11/por-unanimidade-senado-aprova-isentar-ir-para-quem-ganha-ate-rs-5-mil

2Impacto da nova isenção do Imposto de Renda. https://www.gov.br/fazenda/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/isencao-irpf/isencao-irpf/impacto-da-nova-isencao-do-imposto-de-renda

3Veja como fica a tabelaSenado aprova isenção do IR até R$ 5 mil. https://valorinveste.globo.com/imposto-de-renda/noticia/2025/11/05/isencao-do-ir-ate-r-5-mil-e-aprovada-no-senado-veja-como-fica-a-tabela.ghtml

4Novo Imposto de Renda: entenda quem tem direito à isenção. https://imirante.com/noticias/brasil/2025/11/05/ipolitica-novo-imposto-de-renda-2026-entenda-quem-tem-direito-a-isencao

5Isenção do Imposto de Renda: veja o que muda com a nova faixa até R$ 5 .... https://gazetamercantil.com/isencao-do-imposto-de-renda-o-que-muda-2025

6Isenção do IR até R$ 5 mil amplia gastos da população, dizem ... - G1. https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/10/04/com-isencao-do-ir-para-quem-ganha-ate-r-5-mil-populacao-devera-gastar-mais-dizem-especialistas.ghtml

7Nova Tabela do IR 2026 - meuimposto2026.com.br. https://www.meuimposto2026.com.br/nova-tabela-imposto-renda-2026

8Nova Política de Imposto de Renda: Entenda as Mudanças Propostas pelo .... https://www.guaranyjunior.com.br/2025/11/07/nova-politica-de-imposto-de-renda-entenda-as-mudancas-propostas-pelo-pl-1-087-2025/

9Isenção do IR até R$ 5 mil: Como fica o imposto sobre lucros e .... https://valorinveste.globo.com/imposto-de-renda/noticia/2025/11/05/isencao-do-ir-ate-r-5-mil-como-fica-o-imposto-sobre-lucros-e-dividendos-e-o-que-mais-sera-taxado.ghtml

10Relatório de Pesquisa (parcial) Tributação da Renda no Brasil. https://repositorio-api.insper.edu.br/server/api/core/bitstreams/b2a9e514-7d8f-4932-9751-4a736469d0ff/content

11[Atualizado] Calculadora de Salário Líquido 2026 | Nova Tabela Imposto .... https://www.meuimposto2026.com.br/

12Índices de renda fixa registram destaque para papéis com isenção fiscal .... https://www.anbima.com.br/pt_br/imprensa/indices-de-renda-fixa-registram-destaque-para-papeis-com-isencao-fiscal-em-meio-as-discussoes-sobre-tributacao-8A2AB2AB99C94E040199CE9EE1924062-00.htm

13Debatedores afirmam que isenção do IR será positiva para a economia. https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2025/10/23/debatedores-afirmam-que-isencao-do-ir-sera-positiva-para-a-economia

14Isenção do IR até R$ 5 mil terá impacto fiscal neutro, prevê FGV Ibre. https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/05/14/isencao-do-ir-ate-r-5-mil-tera-impacto-fiscal-neutro-preve-fgv-ibre.ghtml

15Compensar IR sem imposto mínimo gera impacto fiscal negativo, diz .... https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/compensar-ir-sem-imposto-minimo-gera-impacto-fiscal-negativo-diz-governo/

16Itaú BBA eleva projeção do Ibovespa a 155 mil ao fim de ... - InfoMoney. https://www.infomoney.com.br/mercados/itau-bba-eleva-projecao-do-ibovespa-a-155-mil-pontos-ao-fim-de-2025-e-muda-carteira-de-acoes/

17IFI: Isenção do IR no Senado tem efeito fiscal negativo de R$ 1 bi por ano. https://www.contadores.cnt.br/noticias/empresariais/2025/10/24/ifi-isencao-do-ir-no-senado-tem-efeito-fiscal-negativo-de-r-1-bi-por-ano.html

18Meu Imposto de Renda — Receita Federal. https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/meu-imposto-de-renda

19Imposto de Renda 2025: saiba como declarar - XP Investimentos. https://conteudos.xpi.com.br/imposto-de-renda/

20A reforma do IR proposta pela Fazenda é muito boa. https://blogdoibre.fgv.br/posts/reforma-do-ir-proposta-pela-fazenda-e-muito-boa

Postar um comentário (0)
Postagem Anterior Próxima Postagem