![]() |
Banco Central encerra o uso da blockchain Hyperledger Besu no Drex, cita privacidade como principal desafio e prepara terreno para a fase 3 com nova arquitetura tecnológica para o Real Digital |
DREX, Blockchain, Banco Central, Real Digital, Hyperledger Besu, privacidade e fase 3: a evolução e os desafios da moeda digital brasileira
O Banco Central do Brasil (BCB) anunciou o desligamento definitivo da plataforma DREX, que foi historicamente sustentada pela tecnologia Hyperledger Besu, depois de quatro anos de desenvolvimento e dois ciclos de pilotos. O motivo: desafios persistentes de privacidade, características nativas da arquitetura blockchain, e os elevados custos e complexidade para ajustar a infraestrutura aos requisitos regulatórios nacionais. A decisão coloca em pausa a trajetória do Real Digital, exige reavaliação estratégica do ecossistema blockchain para o setor financeiro e inaugura a expectativa para a fase 3 da iniciativa, que será ancorada em uma nova estrutura tecnológica — ainda a ser definida —, tendo como foco principal a resolução dos desafios de privacidade e a interoperabilidade de ativos digitais. Especialistas do setor, como André Carneiro, CEO da BBChain, avaliam que o movimento libera espaço para que o mercado desenvolva seus próprios modelos de negócios com menos restrições e permite ao Banco Central, mais experiente, se posicionar como um regulador atento e não necessariamente protagonista tecnológico.
Lead
O Banco Central do Brasil decidiu, de forma definitiva, desligar a infraestrutura tecnológica da plataforma DREX, sustentada desde seu início pela blockchain Hyperledger Besu. O anúncio oficializa o encerramento das fases piloto que vinham testando as bases do Real Digital — a versão totalmente digital do real — citando questões de privacidade irremediáveis como a causa central do abandono da solução baseada em blockchain. A decisão acarreta impactos profundos para a agenda de digitalização do setor financeiro, coloca o futuro do Real Digital em compasso de espera e inaugura discussões sobre arquitetura agnóstica para a fase 3 do projeto, com atenção renovada à segurança e à interoperabilidade das novas soluções de tokenização de ativos financeiros1234.
Contexto Histórico do Projeto DREX
Das origens à fase piloto: a construção da ambição do Real Digital
Em 2021, o Banco Central do Brasil iniciou o Projeto Real Digital, posteriormente rebatizado como DREX, com o objetivo de impulsionar a modernização do sistema financeiro nacional e promover a adoção da economia digital no país. O Drex foi projetado para viabilizar a digitalização de ativos, permitir transações atômicas — como compra e venda simultânea de bens de alto valor, automóveis e imóveis, ou concessão automatizada de crédito com garantias digitais —, além de ampliar a inclusão financeira e criar um ambiente mais eficiente para ofertas de serviços financeiros156. Desde suas primeiras diretrizes, houve enfraque forte no compromisso com privacidade, segurança e aderência ao arcabouço regulatório brasileiro.
O desenvolvimento do Drex foi guiado por três fases, cada uma com características e objetivos definidos:
Fase | Período | Objetivo Principal | Destaques Tecnológicos | Resultados / Críticas |
|---|---|---|---|---|
Fase 1 | Jul 2023 - Out 2024 | Provar viabilidade técnica da DLT para ativos digitais | Rede permissionada Hyperledger Besu | Desafios de privacidade e componibilidade |
Fase 2 | 2024-2025 | Testes de casos de negócio e soluções de privacidade | Testes de ZKP, segregação das redes | Avanços, mas privacidade ainda insatisfatória |
Fase 3 (prevista) | 2026 | Reavaliação arquitetural; foco em interoperabilidade, privacidade e arquitetura agnóstica | (A definir – plataforma agnóstica) | Definição pendente das tecnologias de base |
A seguir detalhamos as fases, destacando os principais avanços, aprendizados e desafios que culminaram na decisão do desligamento da infraestrutura atual57894.
Fase 1: Testes Iniciais, Programabilidade, Tokenização e Privacidade
A primeira fase do Piloto Drex ocorreu entre julho de 2023 e outubro de 2024. Seu foco foi o teste do potencial da arquitetura baseada em DLT para representar ativos como depósitos à vista, moedas eletrônicas e títulos públicos federais, e a experimentação de fluxos de negócios fundamentais, como a entrega contra pagamento de títulos federais tokenizados entre clientes de diferentes instituições56107.
A plataforma Hyperledger Besu foi selecionada por sua natureza open source, suporte à Ethereum Virtual Machine (EVM), mecanismos robustos de permissionamento, APIs integradas e, fundamentalmente, pela promessa de conjugar descentralização, programabilidade (por meio de contratos inteligentes) e privacidade — aspectos consagrados como pilares do novo paradigma financeiro digital fomentado pelo Drex51112.
Porém, logo emergiram desafios substanciais:
Privacidade: A proteção dos dados das operações — alinhada à Lei de Sigilo Bancário e da LGPD — mostrou-se difícil de garantir, mesmo com uso de soluções como provas de conhecimento zero (ZKP) e segregação de redes.
Programabilidade versus sigilo: Muitas soluções de privacidade (como uso de ZKP e contratos privados) comprometiam a programabilidade e dificultavam o controle das operações pelo regulador.
Componibilidade: A integração de contratos inteligentes com diferentes ativos era limitada, impactando a flexibilidade e a criação de novos serviços financeiros moduláveis.
Ao término da fase 1, o relatório do BCB destacou que “as soluções testadas ainda carecem de maturidade em relação aos requisitos essenciais para um sistema financeiro robusto e dinâmico” e que “é necessário maior aprofundamento para garantir a adequação da plataforma aos requisitos de privacidade, proteção de dados e segurança”76510.
Fase 2: Ampliação dos Casos de Uso, Novas Soluções de Privacidade e Descentralização dos Pilotos
Na segunda fase, a plataforma Drex passou a testar, além dos fluxos previamente aprovados, diversos casos de uso propostos por participantes do setor privado, ampliando o escopo dos testes tecnológicos e de negócio. Foram analisados 101 propostas, das quais 13 foram selecionadas, abrangendo operações como crédito colateralizado em títulos públicos ou CDBs, trade finance, cessão de recebíveis, transações com automóveis, debêntures, imóveis, ativos do agronegócio e operações de descarbonização (CBIO)9134.
Esta fase foi marcada por:
Maior autonomia dos consórcios e instituições parceiras para emissão de tokens e deploy de smart contracts;
Testes de soluções avançadas de privacidade, como ZKP Nova, desenvolvida pela Microsoft;
Exploração de modelos alternativos de segregação de redes e programabilidade;
Coordenação entre regulador e agentes de negócio para garantir aderência aos padrões de privacidade, segurança e escalabilidade;
Reconhecimento de que a resolução integral da privacidade ainda não havia sido atingida95710.
A recomendação do Banco Central foi clara: qualquer avanço no projeto deveria ser condicionado à garantia efetiva de privacidade, proteção dos dados e segurança das transações. O tema da privacidade permaneceu como o “calcanhar de Aquiles” do Drex, levando ao entendimento de que seria preciso repensar a arquitetura para a próxima etapa34.
Fase 3: Um Futuro Aguardado – Arquitetura Agnóstica, Interoperabilidade e Nova Estratégia
Com o término da fase 2 e a constatação das limitações da tecnologia blockchain adotada, o Banco Central formalizou que a fase 3, prevista para 2026, será iniciada com profundo debate sobre casos de uso, colocando o desenho da arquitetura tecnológica — agora dita “agnóstica” — como etapa posterior, e não mais premissa de partida. O novo foco recai sobre modelos que garantam interoperabilidade de ativos tokenizados, liquidação em moeda de banco central e adaptação ágil a diversos requisitos de privacidade para múltiplos usos483.
Especialistas e consultores que acompanharam o processo ressaltam que, “a inovação deve continuar liderada pelo mercado, agora com um regulador mais letrado e engajado no tema, cabendo ao mercado um maior papel nesta evolução”3.
Hyperledger Besu: Tecnologia, Princípios e a Aplicação no DREX
O que é a Hyperledger Besu
O Hyperledger Besu é um client Ethereum corporativo de código aberto, mantido sob a Fundação Hyperledger, desenhado para operar tanto em redes públicas (como a Ethereum Mainnet) quanto privadas e permissionadas (consórcios), com suporte à EVM e diversos algoritmos de consenso (Proof of Work, Proof of Authority, QBFT)1112.
As principais características da Hyperledger Besu incluem:
EVM (Ethereum Virtual Machine): Permite a execução de contratos inteligentes.
Algoritmos de Consenso: QBFT (Quorum Byzantine Fault Tolerant), Proof of Work, Clique, IBFT 2.0.
Permissionamento: Controle rígido de nós e contas autorizadas, essenciais em consórcios financeiros.
Privacidade: Ferramentas para transações privadas usando grupos de privacidade e gerenciadores de transações confidenciais.
APIs e Integração: Suporte a JSON-RPC, GraphQL, e ferramentas padrão do Ethereum.
Monitoramento: Possibilidade de auditoria, acompanhamento em tempo real da saúde da rede e automação de alertas.
Modularidade e Flexibilidade: Facilita customizações para casos de uso empresariais1211.
Por que o Drex escolheu Hyperledger Besu?
A escolha do Banco Central pelo Hyperledger Besu foi motivada por, entre outros fatores:
Confiabilidade e programabilidade oferecidas pela EVM;
Capacidade de implementar contratos inteligentes para operações financeiras complexas;
Comunidade ativa e fornecedor nacional de suporte (GoLedger);
Proximidade técnica com o ecossistema DeFi e forte aderência à modularidade e interoperabilidade necessárias para uma CBDC.
No entanto, o arcabouço de privacidade disponível se mostrou insuficiente diante dos rigorosos requisitos legais do sistema financeiro, especialmente quanto à proteção de dados pessoais e sigilo bancário. A própria documentação do Relatório do Piloto Drex deixa claro que, apesar de soluções como gerenciador de transações privadas e segregação de redes, “a falta de controle pelas autoridades sobre os tokens e as limitações na programabilidade mostram que o estado das soluções carece de maturidade” para um ambiente regulado57.
Os Limites da Privacidade em Blockchain Permissionada
Ao testar múltiplos mecanismos (ZKP, segregação de redes, multisig, contratos privados), a equipe do projeto Drex esbarrou nos seguintes problemas5:
Dificuldade de auditoria regulatória: Ao ocultar integralmente as operações, a própria autoridade do token ficava impossibilitada de identificar transferências suspeitas, seguir requisitos de compliance e realizar rastreio para autoridades judiciais.
Perda do balanceamento programabilidade-privacidade: Soluções com mais privacidade reduziam a flexibilidade dos contratos inteligentes, criando travas para integrações e automações.
Complexidade operacional: Necessidade de sincronizar múltiplas camadas, bancos de dados off-chain e governança robusta.
Performance e escalabilidade: Latências e sobrecarga na validação das provas criptográficas em ambientes de larga escala.
Riscos de dependência tecnológica: Soluções como ambientes de execução protegidos (trusted execution) apresentaram preocupações quanto à interoperabilidade, dependência de fornecedores e resistência a ataques sofisticados.
O relatório técnico e fontes como InfoMoney e Valor destacam que o “trilema” entre privacidade, descentralização e programabilidade não foi completamente superado, e a busca pela chamada “soberania regulatória” — ou seja, o domínio total sobre operações sensíveis para cumprimento de exigências legais — falou mais alto na decisão do desligamento7.
Motivos do Desligamento da Infraestrutura Hyperledger Besu
O fim da plataforma DREX decorre da constatação de que, com a tecnologia Hyperledger Besu, mesmo em rede permissionada, não seria possível garantir todos os requisitos regulatórios de privacidade e segurança para operações financeiras em larga escala. As fontes ouvidas (InfoMoney, Valor Investe, Block News, Finsiders) reforçam:
Privacidade Inadequada: As soluções avaliadas não permitiam o sigilo absoluto das transações — premissa vital para conformidade com a Lei Complementar 105/2001 (sigilo bancário) e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados)710.
Complexidade Operacional: As tentativas de remediar as falhas de privacidade trouxeram custos, lentidão e complexidade excessivas para um sistema centralizado pelo estado3.
Custos de Manutenção: O mercado manifestou preocupação com o ônus financeiro de manter uma infraestrutura estatal que não oferecia as garantias exigidas — ponto que levou o BC a priorizar a busca por alternativas tecnológicas mais adequadas na fase 323.
Dificuldade de Auditoria e Compliance: Soluções focadas em anonimato (ZKP, blind signatures) dificultaram a obtenção de informações para fiscalização, rastreabilidade para investigação de ilícitos financeiros e fornecimento de relatórios para autoridades judiciais.
Limitações de Programabilidade e Componibilidade: A impossibilidade de compor novos serviços financeiros de forma modular, integrando diferentes ativos e contratos inteligentes, minava a proposta de inovação contínua esperada do Drex5.
Em síntese, a arquitetura Ethereum-based, mesmo em ambiente permissionado, não conseguiu conciliar privacidade, auditabilidade e flexibilidade — o famoso “trilema” citado pelo próprio coordenador do projeto.
O Que Dizem as Fontes Oficiais e a Imprensa Especializada
InfoMoney cravou que “tinham problemas de privacidade a serem resolvidos”, ecoando alertas de outros veículos. A decisão foi comunicada em reunião com consórcios no dia 4 de novembro de 2025, e foi confirmada por fontes do setor financeiro.
Block News e Finsiders divulgaram a decisão pioneiramente, abordando o impacto da suspensão no ecossistema, a preocupação com os custos e destacando que o novo ciclo de desenvolvimento será guiado por discussão de casos de uso, e não mais por tecnologia de partida3.
Valor Investe ressaltou que “não é viável manter uma infraestrutura estatal para viabilizar esses negócios” e identificou a questão da privacidade como obstáculo desde 2024, já antecipado por executivos do Banco Central em entrevistas e relatórios7.
Impactos para o Desenvolvimento do Real Digital e o Sistema Financeiro Nacional
O que muda com o desligamento da plataforma DREX?
Pausa na Transformação Digital Estatal: O desenvolvimento de uma moeda digital baseada em blockchain sob controle estatal entra em compasso de espera, reduzindo o ímpeto dos serviços centrados no Drex para oferta direta à população, interoperabilidade com Pix e Open Finance, oferta de crédito e liquidação digitalizada13.
Descentralização do Futuro da Tokenização: O BC deixa de ser o protagonista tecnológico do setor, sinalizando que o mercado terá liberdade para inovar com menos restrições, implementando soluções DLT/blockchain sob modelos privados ou de consórcio conforme seu interesse e vocação de negócio3.
Retomada da Discussão em um Novo Ponto de Partida: O debate sobre o Real Digital retorna ao estágio de definição de casos de uso; a arquitetura tecnológica será consequência, e não mais premissa inicial. Há expectativa de que o ambiente futuro seja interoperável, com foco em tokenização, garantias de crédito, redução de custos e integração com sistemas legados e internacionais284.
Desafios para Interoperabilidade e Regulação: A fragmentação das soluções se impõe como risco real, uma vez que a ausência de uma infraestrutura estatal única pode levar à proliferação de plataformas não padronizadas e dificultar a governança. Ao mesmo tempo, demanda-se nova estratégia regulatória para tecnologias agnósticas4.
Inovação com participação ampliada do mercado: Novos modelos de negócio por parte das instituições financeiras, fintechs e empresas de tecnologia abrem espaço para soluções mais inovadoras de tokenização de ativos, lastreamento de crédito e liquidação digital, agora sem eventuais restrições do piloto Drex — um movimento no qual startups e empresas de infraestrutura como BBChain, Mercado Bitcoin, B3, Visa e Microsoft já despontam9.
Comentários de Especialistas do Setor
Segundo André Carneiro, CEO da BBChain, empresa referência em blockchain empresarial, “a fase 2 do piloto DREX cumpriu seu papel [...]. As tecnologias foram avaliadas pela perspectiva do regulador e, segundos seus critérios, dentro de um escopo bastante amplo e ambicioso, demostraram necessidades de evoluções para atendimento completo. Novos modelos de negócios com escopo mais direcionado pelo mercado podem ter requisitos atendidos sem as eventuais restrições regulatórias do piloto DREX, liberando o potencial das tecnologias DLT/Blockchain, cabendo ao mercado um maior papel nesta evolução”314.
Carneiro enfatiza que o modelo de negócio deve preceder a definição tecnológica: “O Drex precisa se alinhar à dinâmica do mercado, e escolhas futuras devem nascer de problemas reais, e não de imposições tecnológicas”.
Executivos do setor financeiro consultados por veículos como Forbes e Valor também apontam que “o movimento não deve ser interpretado como fracasso, mas como uma mudança de rota estratégica” — posição corroborada por organismos internacionais que acompanham a agenda CBDC Brasil3.
O Mercado Responde
A decisão do BC dividiu o ecossistema de inovação. Empresas que apostavam na tokenização viram oportunidade para seguir inovando de forma independente, enquanto outros participantes preferiram redirecionar investimentos para frentes como inteligência artificial e serviços baseados em blockchain privados3. A ANBIMA e outras instituições representativas anunciaram novas iniciativas para digitalização e tokenização de ativos — sinal de que a agenda não perde fôlego, mesmo sem a liderança estatal da Drex3.
Expectativas e Perspectivas para a Fase 3 do Drex
O que se espera da nova arquitetura do Drex?
Com a abertura para a fase 3 prevista para 2026, algumas diretrizes despontam:
Foco em interoperabilidade: Deve-se garantir que ativos tokenizados possam transitar por diferentes plataformas e serem usados como garantias para crédito, sem fragmentação de soluções e com capacidade para integrar-se a sistemas internacionais e legados.
Privacidade modular: Em vez de buscar uma solução de privacidade única e genérica, os casos de uso podem adotar camadas customizadas — desde modelos pseudônimos a soluções completas de sigilo, dependendo do volume e tipo de operação.
Arquitetura tecnológica agnóstica: A escolha da tecnologia não será o ponto de partida, mas consequência dos requisitos dos modelos de negócio identificados — sinalizando que tanto blockchains permissionadas, bancos de dados distribuídos não-blockchain ou modelos híbridos podem ser considerados43.
Adoção progressiva e incremental: O BC deve priorizar ciclos curtos de teste e piloto, evitando grandes projetos monolíticos e valorizando a flexibilidade para evoluções rápidas.
Participação ampliada do mercado e regulação responsiva: Instituições financeiras, fintechs, startups, empresas de tecnologia — todos terão maior protagonismo na proposição e teste de novas soluções, sob acompanhamento do BC como regulador mais engajado, mas não controlador único do desenvolvimento.
Segundo fontes do Valor Econômico, Exame e CoinTelegraph, o relatório da fase 2 será publicado no início de 2026, o que coincide com a definição dos parâmetros técnicos para a nova etapa. O mercado espera também que a nova infraestrutura permita casos de uso como pagamentos offline, integração com Open Finance, ativos digitais exóticos (NFTs, debêntures verdes, créditos lastreados em ativos reais) e soluções de stablecoins para uso nacional e internacional849.
Tabela Comparativa: Fases do Projeto Drex
Fase | Foco principal | Tecnologia-base | Soluções de privacidade testadas | Desafios reportados | Próximos passos (após cada fase) |
|---|---|---|---|---|---|
Fase 1 | Prova de conceito, tokenização inicial | Hyperledger Besu | ZKP, segregação de redes, Starlight | Falhas em privacidade, componibilidade e maturidade das soluções | Ampliar escopo de casos de uso |
Fase 2 | Casos de uso ampliados, trade finance | Hyperledger Besu (+ ZKP Nova, Rayls, etc) | Diversas tecnologias ZKP, segregação, APIs | Privacidade insuficiente, custos, performance, dificultada auditoria | Redefinir arquitetura para retomar privacidade e viabilidade regulatória |
Fase 3* | Interoperabilidade, arquitetura flexível | A definir (“agnóstica”) | Múltiplas para cada caso de uso | Conciliação de privacidade, interoperabilidade, compliance, redução de custos | Definir e implantar nova infraestrutura |
Fase 3 aguardando início em 2026, com cronograma e escopo a serem definidos58.
Fechamento: O Futuro do Real Digital e a Reinvenção da Inovação Financeira no Brasil
O desligamento da Hyperledger Besu, e da atual plataforma Drex, marca um divisor de águas para o projeto do Real Digital, mas também inaugura uma nova etapa da inovação financeira no Brasil. O desafio de garantir privacidade total em um ambiente programável e interoperável permanece no centro das discussões internacionais de CBDCs e, agora, coloca o Banco Central do Brasil em compasso com tendências mais pragmáticas de arquitetura tecnológica agnóstica.
Enquanto o mercado recupera sua autonomia para experimentar novos modelos com blockchain, tokenização e crédito digital, cabe ao regulador — mais maduro e engajado — atuar como facilitador do ecossistema, promovendo interoperabilidade, segurança, padrões abertos e proteção ao consumidor. O Real Digital, em sua terceira fase, pode voltar a fazer história. Mas será, certamente, menos sobre a tecnologia de partida e mais sobre as necessidades reais do país, dos cidadãos e das empresas.
A jornada do Drex é mais um lembrete de que inovação, em finanças e tecnologia, requer experimentação, agilidade para reconhecer as limitações e abertura para repensar caminhos — sem medo de voltar atrás quando a solidez e o interesse público assim demandarem.
Referências Bibliográficas
1Drex – Real Digital. https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/drex
2Banco Central desliga plataforma do Drex e prepara nova estrutura. https://portaldobitcoin.uol.com.br/banco-central-desliga-plataforma-do-drex-e-prepara-nova-estrutura/
3Banco Central desligará plataforma Drex e diz que criará nova .... https://cooperativismodecredito.coop.br/2025/11/banco-central-desligara-plataforma-drex-e-diz-que-criara-nova-infraestrutura/
4Banco Central divulga resultados da fase 2 do Drex em 31 de julho. https://br.cointelegraph.com/news/brazilian-central-bank-will-release-the-results-of-the-2nd-phase-of-the-drex-on-july-31st
5Sumári - Banco Central do Brasil. https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/real_digital_docs/piloto/Relatorio_Drex_piloto_fase_1.pdf
6Banco Central publica Relatório da 1ª fase do Piloto Drex. https://e2invest.com.br/banco-central-publica-relatorio-da-1a-fase-do-piloto-drex/
7BC divulga relatório da 1ª fase do Drex e diz que privacidade ainda não .... https://valorinveste.globo.com/produtos/servicos-financeiros/noticia/2025/02/26/bc-divulga-relatrio-da-1-fase-do-drex-e-diz-que-privacidade-ainda-no-foi-resolvida.ghtml
8Drex vai ter 3ª fase? Entenda os próximos passos do piloto do Banco .... https://exame.com/future-of-money/drex-vai-ter-3a-fase-entenda-os-proximos-passos-do-piloto-do-banco-central/
9Avanços na segunda fase do piloto Drex – ABBC. https://abbc.org.br/avancos-na-segunda-fase-do-piloto-drex/
10Banco Central divulga relatório da primeira fase do Piloto Drex e .... https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/20556/nota
11Guia rápido sobre Hyperledger Besu – Rodrigo Cremer. https://rodrigocremer.com.br/index/guia-rapido-sobre-hyperledger-besu/
12Hyperledger BESU: Seu Guia Completo, sobre o que é e como funciona .... https://www.bbchain.com.br/pt/blockchain-blog/apresentando-o-hyperledger-besu-seu-guia-sobre-o-que-é-e-como-funciona-bbchain-blockchainlab
13Exclusivo: Segunda fase do Drex terá 4 etapas e desenvolvimento de .... https://br.cointelegraph.com/news/exclusive-second-phase-of-drex-will-have-4-stages-and-software-development-by-companies-has-already-started
14O Futuro do #dinheiro é Agora: #drex #blockchain e a Nova ... - YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=iicLvepu9Co
